Zilda Maria de Sousa, tia materna de Lázaro Barbosa, contou ao Yahoo Notícias que soube da morte do sobrinho pela televisão. A senhora, que está cuidando da mãe de Lázaro, acredita que a execução foi motivada por ódio dos policiais. O secretário de Saúde de Águas Lindas, Rui Borges, confirmou que aproximadamente 38 marcas de tiro estavam no corpo do suspeito.
“Ele queria se entregar, mas a raiva foi maior. Não precisa de tanto tiro pra matar, né? Não precisava tudo isso. Já sabia que o final dele não seria dos melhores. Achei uma crueldade dos policiais”, declarou Zilda.
Apesar dos 38 disparos realizados contra Lázaro, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), garantiu que os agentes agiram “dentro do limite da lei” na captura do fugitivo.
A senhora de 54 anos, que mora em Barro Alto, na Bahia, afirmou que, apesar de a irmã estar passando mal em casa, não tem coragem de ir ao hospital por medo de ser linchada. ” Ela foi tomada pelo pânico”. A tia não tinha contato com o suspeito de assassinato há mais de quatro anos. Por conta do medo de linchamento, a família não deve comparecer ao enterro. “Estamos ainda em situação de choque. Um irmão nosso infartou quando soube da notícia e está no hospital”, contou.
Borges explicou que geralmente as pessoas mortas em Águas Lindas têm os corpos levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Luziânia, mas, dessa vez, por conta da grande comoção sobre o caso, o cadáver foi encaminhado para o IML de Goiânia, onde será submetido a necrópsia. A tia de Lázaro afirma que os agentes de segurança devem se responsabilizar pelo desfecho da operação. “Eles mataram, então agora devem se responsabilizar pelo corpo dele também. Nós, a família, não temos condições”, lamentou.
Tanto a tia como a mãe de Lázaro não receberam nenhum aviso das forças de segurança ou de qualquer área administrativa de Goiás a respeito da operação ou da execução do rapaz.
Execução de Lázaro era esperada: ‘É padrão das polícias’, dizem especialistas
Após 20 dias da ação que mobilizou mais de 270 policiais, Lázaro Barbosa foi capturado e executado nessa segunda-feira (28), em Goiás. Em meio a comemoração do governador do DF, Ronaldo Caiado, agradecimento à polícia ao vivo pela GloboNews e declaração de ‘CPF cancelado’ – feita pelo presidente Jair Bolsonaro em seu Twitter, especialistas em segurança pública afirmam que a morte do suspeito de ser ‘serial killer do DF’ não era exceção, e sim um procedimento padrão das polícias, mesmo não previsto em lei.