O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, neste sábado (10), que deve enviar o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) para representar o Brasil na missa de posse do papa Leão XIV.
O evento, que marca formalmente o início do pontificado, será celebrado na Praça de São Pedro, no Vaticano, no dia 18 de maio.
A declaração de Lula foi dada a repórteres em Moscou pouco antes de embarcar rumo a Pequim, onde se encontrará com o presidente chinês Xi Jinping.
Lula justificou a ausência na missa inaugural do papa Leão XIV por conta da série de viagens internacionais.
O presidente viajou ao Vaticano para o funeral do papa Francisco, no final de abril, e embarcou para a viagem atual, que inclui Rússia e China, no último dia 6.
Lula defendeu viagem à Rússia após encontro com PutinO presidente Luiz Inácio Lula da SIlva (PT) defendeu a sua visita à Rússia e o encontro com o líder Vladimir Putin, afirmando que as críticas contra sua presença na parada militar que marcou os 80 anos da derrota dos nazistas são “exploração política”.
A viagem de Lula a Moscou e o encontro com Putin receberam críticas de alguns setores no Brasil e no exterior, com representantes do governo ucraniano afirmando, por exemplo, que o líder brasileiro não tem mais condições de tentar ajudar a mediar um acordo de paz entre os dois lados.
Além disso, parte da oposição no Brasil criticou o fato de o presidente ter participado da parada do dia da vitória ao lado de vários ditadores, como Nicolás Maduro, da Venezuela, e Aleksandr Lukashenko, de Belarus.
“Eu não vejo qual é a crítica que se possa fazer a um país que perdeu 26 milhões de jovens (durante a Segunda Guerra Mundial) fazer a comemoração que foi feita”, disse ele.
Lula diz que as críticas são fruto de exploração política e que era importante ter ido a Moscou. “Se tudo for exploração política, você não pode fazer nada”, disse ele, garantindo que a sua presença nas comemorações não o desabilita como potencial mediador da paz.
“A posição do Brasil é muito, mas muito, muito sólida. Ou seja, independente de eu ter vindo aqui, independente de eu ir à China, independente de eu ir à Argentina, independente de eu ir a qualquer país, a nossa posição continua a mesma com aquilo que a gente pensa sobre a guerra da Ucrânia: nós queremos paz”, afirmou.
As declarações foram dadas em entrevista coletiva antes de sua partida para a China, próxima etapa de sua agenda de viagens.
Ao ser questionado sobre o impacto de sua visita à Rússia em meio ao conflito, Lula disse que fez “questão de vir aqui pra dizer que o Brasil está defendendo o fortalecimento do multilateralismo”.
Ele também criticou o avanço do protecionismo: “Querer voltar à teoria do protecionismo não interessa a ninguém, a não ser a quem propôs a ideia.”
O presidente relatou que discutiu diretamente com Vladimir Putin, em encontro bilateral realizado na quinta-feira (9), o desejo do Brasil por uma resolução pacífica para o conflito.
Ele disse que vai continuar trabalhando e torcendo pela paz e pelo fim do conflito na Europa, colocando-se à disposição para ajudar a facilitar o diálogo “desde que os dois lados queiram a paz”.
Lula também destacou que toda a Europa deveria “estar festejando o dia de ontem”, quando questionado sobre as comemorações dos 80 da vitória da Segunda Guerra Mundial realizadas na Rússia.
Além disso, criticou os altos investimentos de países em armamentos, reiterando que os recursos poderiam ser direcionados a outras prioridades globais, como o combate à fome.