Ao menos 55 homens foram presos em diversas partes da França entre a manhã de segunda (19) e quinta-feira (22) como parte de uma operação de larga escala para desmontar uma rede de pedofilia que opera por meio do aplicativo de mensagens Telegram, segundo o Escritório de Proteção de Menores francês.
Os suspeitos, com idades entre 25 e 75 anos, são acusados de trocar mensagens com um agressor sexual infantil “extremamente perigoso” que foi preso no verão de 2024 e cujos próprios filhos foram resgatados após serem abusados, declarou Quentin Bevan, chefe da unidade operacional do OFMIN, à CNN na quinta-feira.
“Esses 55 indivíduos trocaram imagens de CSAM (Material de Abuso Sexual Infantil) com o perigoso pedófilo, então tínhamos evidências digitais que incriminavam todos eles”, relatou Bevan.
Segundo ele, as prisões são “fruto de uma investigação de dez meses”.
“Foi uma grande investigação e operação de infiltração neste grupo do Telegram”, disse. “Tivemos que acompanhar as trocas, analisá-las e identificar os indivíduos que se escondiam por trás desses pseudônimos — especialmente aqueles que tinham filhos, tinham antecedentes criminais ou trabalhavam em profissões sensíveis que envolviam contato com crianças.”
Bevan relatou que os homens são de todas as idades e origens: pais, funcionários públicos, militares e paramédicos. Na França, a posse e distribuição de material de abuso sexual infantil é punível com pena de cinco anos de prisão e multa de 100 mil euros (US$ 112.747).
Em declaração à CNN, o porta-voz do Telegram, Remi Vaughn, afirmou que a empresa tomou “medidas abrangentes para combater o abuso infantil”.
Ele informou que mais de 367 mil grupos e canais relacionados a material de abuso sexual infantil foram removidos até o momento em 2025, como resultado de seus esforços.
Este não é o primeiro caso de grande repercussão envolvendo a plataforma na FrançaEm agosto de 2024, o fundador do Telegram, Pavel Durov, foi detido no Aeroporto de Bourget, em Paris, sob um mandado relacionado às políticas de moderação do Telegram.
As autoridades francesas indiciaram Durov em 28 de agosto de 2024 por diversas acusações, incluindo lavagem de dinheiro e disseminação de material de abuso sexual infantil. Durov afirmou em um comunicado logo depois que estava comprometido em melhorar a moderação de seu aplicativo e que as autoridades estavam tentando responsabilizá-lo “pessoalmente pelo uso ilegal do Telegram por outras pessoas”.