Anualmente, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) reúne informações sobre o desenvolvimento humano para entender a realidade das pessoas em diferentes países. Em 2024, o tema foi a polarização das sociedades, mas neste ano o relatório foca nas possibilidades das inteligências artificiais (IAs).
Ao contrário do que muitos entusiastas e especialistas afirmam, sugerindo que as IAs podem evoluir a ponto de eliminar diversas profissões e precarizar a economia mundial, o PNUD propõe outra visão. Para a organização, a inteligência artificial pode contribuir para a melhoria do desenvolvimento humano em todo o mundo.
Saiba também: Desbloqueando o poder da Inteligência Artificial para empreendedores brasileirosUma das conclusões do relatório é que a desigualdade entre países com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo e muito alto continua aumentando pelo quarto ano consecutivo.
Isso significa que os países mais desenvolvidos seguem progredindo, enquanto os com menor IDH evoluem mais lentamente. Ou seja, houve um aumento global da desigualdade.
“Durante décadas, estivemos no caminho para alcançar um mundo de desenvolvimento humano muito elevado até 2030, mas essa desaceleração representa uma ameaça real ao progresso global. Se o fraco avanço de 2024 se tornar o ‘novo normal’, esse marco de 2030 pode ser adiado por décadas — tornando nosso mundo menos seguro, mais dividido e mais vulnerável a choques econômicos e ecológicos”, disse o chefe global do PNUD, Achim Steiner.
Segundo Steiner, a humanidade precisa urgentemente encontrar novas formas de impulsionar o desenvolvimento social. Por isso, o relatório aponta que a inteligência artificial pode surgir como uma ferramenta capaz de ajudar nesse cenário, com um grande potencial para abrir novos caminhos diante dessa desaceleração.
Os pesquisadores do relatório destacam que as IAs não surgem como uma solução mágica para resolver todos os problemas da humanidade, mas que essa tecnologia pode reacender o desenvolvimento humano.
Brasil no Relatório de Desenvolvimento HumanoNa lista, o Brasil ficou na 84ª posição, com um IDH de 0,786. Por isso, é considerado um país de alto desenvolvimento humano. Entre 2010 e 2023, tivemos um crescimento médio anual de 0,38% na pontuação do IDH, mas recentemente foi um pouco maior. Entre 2022 e 2023, foi registrado um aumento de 0,77% e um salto de cinco posições.
O relatório apresenta dados de 74 países com desenvolvimento muito alto, 49 com alto, 43 com médio e 26 com baixo desenvolvimento.
O relatório que o uso positivo das inteligências artificiais (IAs) podem ajudar diferentes países em um melhor desenvolvimento humano. (Fonte: Getty Images)Segundo o coordenador do relatório, Pedro Conceição, esta edição apresenta o maior nível de desenvolvimento humano desde a publicação do primeiro relatório. Apesar disso, trata-se do crescimento mais lento, desconsiderando o período da pandemia. Ele sugere que, se a Covid-19 não tivesse atingido o mundo, a tendência anterior indicava a possibilidade de um crescimento global até 2030.
O PNUD divide o IDH dos países em quatro grupos:
Desenvolvimento humano muito alto: IDH a partir de 0,800;Desenvolvimento humano alto: IDH de 0,700 a 0,799;Desenvolvimento humano médio: IDH de 0,550 a 0,699;Desenvolvimento humano baixo: IDH abaixo de 0,550.Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)O relatório do PNUD avaliou dados de 193 países relacionados à educação, saúde e renda econômica. A partir do IDH, uma métrica que reúne indicadores como expectativa de vida e renda per capita, foi revelado que diversas regiões seguem em uma trajetória econômica positiva, mas algumas ainda mantêm índices elevados de desigualdade.
Entenda: IA e inteligência humana não pensam da mesma maneiraMesmo alguns anos após a pandemia causada pelo Covid-19, o IDH global ainda não conseguiu estabelecer uma tendência de crescimento. Enquanto alguns países seguem elevando seu índice, outros permanecem mais vulneráveis; as crises sanitárias em diferentes regiões são exemplos desse cenário.
As informações sobre o IDH de diferentes países divulgadas no relatório são baseadas em dados indicadores coletados em 2023 e em anos anteriores.
Países com menor IDH (2023)Sudão do Sul: 0,388;Somália: 0,404;República Centro-Africana: 0,414;Chade: 0,416;Mali: 0,419.Países com maior IDH (2023)Islândia: 0,972;Noruega: 0,970;Suíça: 0,970;Dinamarca: 0,962;Alemanha: 0,959.Como a Inteligência Artificial pode ajudar?Apesar da lentidão no aumento do IDH global, o relatório sugere que o uso da IA no dia a dia pode ser fundamental para melhorar a educação, a saúde e a renda per capita de países com baixo, médio e alto desenvolvimento.
É claro, isso depende do caminho que a IA seguirá na humanidade. Por exemplo, se começar a substituir trabalhadores sem oferecer soluções para essas mudanças, milhões de pessoas podem ficar desempregadas no mundo.
Leia mais: População mundial pode entrar em declínio a partir de 2080Por outro lado, também existe a possibilidade de utilizá-la para complementar trabalhos, criar novos empregos e expandir oportunidades no setor de tecnologia. Por isso, a recomendação do PNUD é que as inteligências artificiais sejam usadas para complementar o trabalho humano, e não substituí-lo completamente — ao menos, não em diversos setores.
“Há muitas oportunidades para a IA impulsionar a inovação e a criatividade, além de diversas possibilidades para explorar novas complementaridades entre a IA e os humanos, sem que as máquinas substituam as pessoas.”
O Relatório de Desenvolvimento Humano aponta que a inteligência artificial pode ser uma aliada para reduzir desigualdades e impulsionar o progresso, mas alguns especialistas discordam. Quer saber mais? Conheça os impactos da IA, do mercado de trabalho à educação. Até a próxima!