O número de pessoas que fugiram do Sudão desde o início da guerra civil em 2023 ultrapassou quatro milhões, disseram autoridades da agência de refugiados da ONU na terça-feira (3). De acordo com a organização, muitos sobreviventes vivem em abrigos inadequados devido à escassez de ajuda.
“É um marco devastador nesta que é a crise de deslocamento mais grave do mundo no momento”, disse a porta-voz da agência de refugiados da ONU, Eujin Byun, em uma coletiva de imprensa em Genebra.
“Se o conflito continuar no Sudão, prevemos que milhares de pessoas continuem fugindo, colocando em risco a estabilidade regional e global”, afirmou a porta-voz.
O Sudão, que vive uma grave crise de violência desde abril de 2023, compartilha fronteiras com sete países: Chade, Sudão do Sul, Egito, Eritreia, Etiópia, República Centro-Africana e Líbia.
Mais de 800 mil refugiados chegaram ao Chade, onde as condições de moradias são terríveis, principalmente por causa da falta de financiamento humanitário. Apenas 14% dos apelos por doações foram atendidos, disse Dossou Patrice Ahouansou, do ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados), na mesma entrevista.
“Esta é uma crise sem precedentes que estamos enfrentando. É uma crise de humanidade. É uma crise de proteção baseada na violência que os refugiados estão relatando”, disse ele.
Muitos dos que estão fugindo relataram ter sobrevivido ao terror e à violência.
Um dos exemplos é o de uma menina de sete anos no Chade, que foi ferida em um ataque à no campo de deslocados de Zamzam, no Sudão. A ação matou o pai dela e os dois irmãos. A garota teve a perna amputada durante a fuga. A mãe dela tinha sido morta em um ataque anterior, segundo o relato do porta-voz da ONU.