A Justiça de Alagoas suspendeu o júri popular de Antônio Guilherme dos Santos, réu que é acusado pelo homicídio de Genilda Maria da Conceição, após recentes confissões do serial killer de Alagoas e a descoberta de novas evidências apontando para Albino Santos de Lima como o verdadeiro autor do crime.
A decisão, publicada no Diário da Justiça Eletrônico da última quarta-feira (25), veio depois que a Polícia Civil conseguiu identificar, por meio da análise de um celular apreendido com Albino, provas que o ligam a uma série de homicídios, incluindo o de Genilda.
A confissão de Albino e os elementos apresentados nas investigações recentes colocaram em dúvida a acusação contra Antônio, que havia sido apontado inicialmente, por um testemunho de uma criança de 11 anos, segundo o Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL). Diante das novas informações, o juiz Yulli Roter Maia determinou a suspensão do júri, o que abre um novo capítulo para o caso.
O Tribunal de Justiça, na decisão, concedeu ao Ministério Público um prazo de cinco dias para se manifestar sobre a possibilidade de despronúncia de Antônio Guilherme dos Santos –ou seja, a retirada da acusação formal contra ele.
O advogado Arnon de Mello, que representa Antônio Guilherme dos Santos e outros dois irmãos dele, criticou as falhas nas investigações iniciais e a condução do processo, afirmando que seus clientes, assim como Antônio, foram incriminados com base em depoimentos questionáveis e retratos falados imprecisos.
“Em meados de dezembro de 2024, tomei conhecimento de uma prova pericial realizada no celular do serial killer, dando conta que tinha fortes elementos que levavam esse serial killer a outros homicídios praticados aqui em Maceió. Por curiosidade, fui analisar o processo desse suspeito e vi que as vítimas que ele teria possivelmente matado eram as mesmas pelas quais três irmãos estavam respondendo”, explicou o advogado.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Arnon de Mello cobra o Estado sobre a condução do processo.
“Chega a ser assustador. (…) Isso foi um erro desde o início da investigação, do delegado de polícia na época, posteriormente ratificado pelo MP e avalizado pelo Poder Judiciário de Alagoas, que permitiu que três pessoas respondessem a um processo dessa magnitude, dessa gravidade, simplesmente baseado ali em testemunhas de ‘ouvi dizer’”, contesta o advogado.
Segundo o advogado, Antônio Guilherme dos Santos e seus dois irmãos passaram três anos presos de forma indevida. Arnon explicou que já havia conseguido a absolvição de seus clientes em quatro dos seis processos em que os réus eram acusados.
Com o prazo estabelecido pelo Tribunal de Justiça e as novas evidências apresentadas, o caso continua em investigação, e a defesa de Antônio aguarda o pronunciamento do Ministério Público, buscando corrigir as falhas no processo.